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Entrevista com Paulo Pimentel, dono do jornal O Estado do Paraná

7 de fevereiro de 2011


Luciana Cristo
Depois de passar por transformações históricas, reformas gráficas e tecnológicas ao longo dos últimos 60 anos, o jornal O Estado do Paraná entra agora definitivamente na era da internet. Com esta última edição impressa, a partir desta semana a equipe do jornal vai se dedicar à produção exclusiva para a internet, cujo conteúdo ficará disponível no site www.oestadodoparana.com.br.

A decisão partiu do diretor-presidente da empresa, Paulo Pimentel, seguindo as tendências do mercado das comunicações. Antenado às novas tecnologias, Pimentel avisa que pretende fazer um jornal melhor e com mais agilidade.

Paraná Online – Por que migrar O Estado do Paraná, com 60 anos de existência, exclusivamente para a internet?

Paulo Pimentel – O mundo evoluiu, a comunicação evoluiu mais ainda. A mídia impressa se tornou superada, porque o tempo da notícia divulgada pela mídia impressa chega com muito atraso ao leitor. A notícia divulgada pela linha online chega rapidamente ao leitor e pode ser atualizada a qualquer instante. É praticamente instantânea em todas as partes do mundo. Como a mídia impressa vai competir com esse sistema tão rápido de transmissão da notícia? Não há nenhuma possibilidade. E o custo se torna cada vez mais elevado. O jornal impresso depende da chapa, da tinta, do papel, do barbante, do empacotamento, do transporte. Isso tudo está ficando no passado. O presente é a transmissão da notícia rapidamente, com todas as facilidades, com fotos, gráficos e charges em qualidade excepcional e riqueza de detalhes, além da possibilidade de atingir um público maior. Nós temos, por exemplo, um índice alto de acessos do nosso site, o Paraná Online (www.paranaonline. com.br), no Japão, de paranaenses que lá trabalham e que têm interesse em receber notícias da sua gente, de seu Estado.

Pron – Nesta semana, a empresa News Corp., do magnata das comunicações Rupert Murdoch, lançou o primeiro jornal digital exclusivo para iPad, que ele acredita ser o caminho para a mídia impressa. Na análise do senhor, os investimentos agora devem ser focados na internet?

PP – Vamos nos concentrar no anunciante para a busca de recursos e o acesso livre vai nos dar apoio para aumentar o número de acessos e, com isso, elevar o número de anúncios. Quem vai pagar o custo será o anunciante, não o leitor. Eu não pretendo cobrar pelo conteúdo que produzirmos, como o Murdoch vai cobrar. Por enquanto, em termos de recepção extra-iPad é difícil cobrar na internet. Se todos cobrarem, é uma história. Se só uma parte cobrar, o internauta vai para onde tiver a notícia de graça. Não vale a pena cobrar.
Pron – Haverá cortes de pessoal da redação, com o fim do jornal impresso?

PP – Não pretendo mexer na redação, não quero reduzir o pessoal, pelo contrário. Queremos chamar mais gente competente. Se a nossa equipe funcionar com entusiasmo, nós vamos fazer um grande jornal e mostrar que o futuro é esse que o Murdoch está mostrando. Ele sempre foi um revolucionário e está entrando numa fase nova, onde os outros ainda estão titubeantes.

Pron – Os jornais impressos estão mesmo fadados ao desaparecimento?

PP – Os jornais populares vão ter uma sobrevida mais longa, embora eu não seja capaz de prever a velocidade dos acontecimentos. Mas os jornais chamados de elite tendem a serem substituídos pela mídia online. Agora, os que vão permanecer são, evidentemente aqueles ligados a uma rede de televisão poderosa, como é o caso da Rede Globo. Isso não quer dizer que os jornais vão morrer, eles não caminham para a extinção, mas para uma transformação. Não vou fechar O Estado do Paraná. Se eu fosse fechar, iria mudar de nome. Quero fazer um O Estado do Paraná dentro da linha moderna de comunicação, que é o jornal online.

Pron – Pessoalmente, o que o senhor acha dessa nova mídia que na última década interferiu em todos os demais meios de comunicação?

PP – Eu tenho insônia na madrugada. Pego meu computador e fico lendo as notícias na internet. No Paraná Online, no Estadão, nas revistas. E é isso que as pessoas querem fazer hoje. As possibilidades de êxito na internet são imensas.

Pron – Em seus 60 anos, O Estado fez coberturas históricas e também enfrentou muitas adversidades. Em algum momento o senhor pensou em desistir?

PP – Não. Cada dificuldade – e elas foram imensas – como o corte quase que total de publicidade, interferência direta da ditadura militar sobre os anunciantes, foi superada. A história de O Estado é uma história sensacional e agora vai continuar na internet.

Fonte: O Estado do Paraná

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