Como o trabalho foi impactado pela tecnologia, economia e a pandemia? Esta pergunta foi respondida no painel “As pessoas e as novas relações de trabalho”, com a participação de Adeildo Nascimento (DHEO Consultoria) e Sergio Piza (Klabin S/A), com a moderação do consultor Yoshio Kawakami.
Ao falar, Sergio Piza contou um pouco da experiência da Klabin, uma indústria de 120 anos que se mantém produtiva, ativa e rentável. “Para ser longeva é preciso se renovar, interagir com o ecossistema e o ambiente de forma dinâmica. A indústria emprega 120 mil pessoas e possui um plano estratégico para os próximos 20 anos porque se vê como uma empresa de bioeconomia”.
A pandemia, segundo Piza, exacerbou a importância do mundo digital, da autonomia e do aprendizado. “Temos os desafios de gestão de pessoas, como o feedback à distância, a motivação de times. Surgiu todo um mundo com esse colorido novo”, comentou. Ele ainda citou exemplos de algumas medidas adotadas pela indústria durante a pandemia para garantir a segurança das pessoas e que poderão ser mantidas no futuro.
Para Piza a indústria está aberta as lições desse período, mas pretende resgatar alguns procedimentos pré-pandemia. “Vemos aqui na Klabin que a pandemia estimulou a produtividade com o trabalho remoto, mas sentimos falta dos encontros presenciais e aleatórios, então, acredito em um trabalho híbrido”, finalizou.
Gig Economy x Economia Formal
Adeildo Nascimento, diretor da DHEO Consultoria, jogou uma provocação no início da sua fala. Historicamente e economicamente as indústrias aumentam a produtividade de forma exponencial, por outro lado salário médio e os postos de trabalho estão em decadência. “Deixando menos opção no que tange ao emprego formal, isso é impulsionado pelas crises”, complementou. Nascimento afirmou que a indústria brasileira já está perto de retomar sua produtividade pré-pandemia, mas, em contrapartida, o desemprego cresce. “Aquilo que conhecemos como emprego formal, dedicação a uma empresa, com uma carreira, está cada vez mais difícil”.
Ele vê que a tecnologia veio como “gasolina no fogo” para um novo modelo de trabalho inserido na gig economy ou economia compartilhada. “Nós não fomos educados para sermos gig workers, mas para seguirmos uma carreira vertical, de hierarquias e áreas de atuação. Acho que não temos muita alternativa. Temos uma relação diferente entre emprego e trabalho, fomos educados para termos emprego. O mundo digital nos vira ao trabalho, que é diferente, que nos permite atuarmos para vários empregadores”, disse.
Para finalizar, Nascimento fez uma reflexão sobre os protagonistas no futuro das organizações. “Cada vez mais as empresas têm um papel relevante na sociedade em todos os aspectos. Elas ditam o que acontece no mundo, precisamos de cada vez mais empresários conscientes do seu papel social. Com o poder que eles têm, se construírem isso de maneira mais inclusiva olhando para todos os stakeholders – será maravilhoso”.