Designers investem em criatividade para driblar a crise

10 de abril de 2009


Enquanto para alguns a crise é uma justificativa ao pessimismo para outros é o estímulo ao empreendedorismo. Segundo dados da Junta Comercial do Paraná (Jucepar), em 2008 foram criadas 53.087 novas empresas, um aumento de 11,25% em relação a 2007. Em sua maioria, esses números são conseqüência de alterações fiscais, como a implantação do Supersimples, de incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, e da vontade do brasileiro de ter o seu próprio negócio.

Mas também há casos de empresários que buscam novas alternativas de renda, por vocação ou por detectar um nicho de mercado. É o caso das designers Fabiana Zimmermann e Vanessa Mezzadri, sócias da YUP Brasil que decidiram criar paralelamente ao escritório marcas próprias para comercializar produtos distintos.

Ao observar a carência do mercado de camisas para meninas de dois a dez anos, Vanessa buscou estudar a fundo a cadeia produtiva da indústria da moda e assim criou a marca Clara Gatto. “Percebi que, ao contrário da Europa, o Brasil não possui camisas criadas especialmente para a criança. O que existe no país são marcas que as enxergam como uma miniatura do adulto e que oferecem peças desconfortáveis e com corte inadequado”, explica.

Para atender a demanda, a empresária conta com uma equipe de 15 pessoas, entre modelistas e costureiras, que produzem uma peça por vez com cuidado quase artesanal e quantidade limitada. “É uma opção única dentro do segmento no país. Entendo que com a crise as pessoas queiram se resguardar financeiramente, mas acredito que com um planejamento adequado e uma estratégia de produção qualquer negócio sobrevive”, diz Vanessa.

Amor pelo Brasil

A abertura de um novo empreendimento direcionado à comercialização de bolsas, biquínis e peças de decoração levou quase um ano de estudo do mercado nacional e internacional. Com os dados em mãos, a designer Fabiana Zimmermann decidiu criar a Brasil YN Amor, uma marca que investe na admiração das pessoas pelo regionalismo e pelo Brasil. “A intenção é comercializar os nossos produtos no exterior, um mercado onde as pessoas têm admiração pelos hábitos, cores e design do Brasil. Por isso, as linhas criativas evidenciam as características do nosso país, como a crença, a cultura, o meio ambiente”, explica Fabiana.

Mesmo com as peças prontas, o negócio está apenas no início. O próximo passo é popularizar a marca através dos pontos de venda. A diversificação na linha de produtos é unificada pela criação exclusiva e praticamente artesanal, características que, na visão de Fabiana, diferenciam a marca no mercado. “Muitas pessoas consideram loucura abrir um negócio neste momento em que o mundo sofre com a crise. Acho o contrário, temos que pulverizar a atuação e atrair novos públicos, não é momento de se acomodar”, diz.

O estudo feito pela Jucepar mostra que para 2009, mesmo com a diminuição de poder de consumo dos brasileiros em virtude da crise, a onda de aumento de novas empresas será mantida. Principalmente com a adesão de pequenos comerciantes à nova lei do Microempreendedor Individual (MEI), que contempla prestadores de serviços não regulamentados, como manicures, eletricistas, doceiros e feirantes. Só no Paraná, estima-se que entre 500 e 600 mil empresas sejam abertas em função do MEI, uma vez que o Estado representa de 5% a 6% do montante nacional.

Mais informações: www.claragatto.com.br e www.brasilynamor.com.br

Contato