Jornalista tem uma certeza: seu texto é imexível.
O orgulho do jornalista não admite que o texto tem vícios, erros. É seu filho perfeito. O lead está sempre no lugar certo. Clichê é o máximo. Nariz-de-cera, então, é a coisa mais bonita do papai.
A vaidade do jornalista não aceita críticas ao texto. É sua obra-prima. Não tolera pitacos, desconstrução de idéias, novos enfoques. É provocação. Que danação! Seu texto é sagrado, pra ser venerado. Jamais profanado.
O ciúme do jornalista o torna possessivo. O texto é sua nêga. E tem sempre gente querendo botar a mão. O editor é o mais vil dos cobiçadores de texto alheio, de amor alheio. Ricardão maldito. Deflorador. Deleta aqui, corrige ali, reescreve acolá. Corta pelo pé.
Você pode até mexer com a mãe de um jornalista. Mas experimenta só mexer no texto dele. Experimenta.
Fonte: site Comunique-se