A recente divulgação de um estudo realizado pela Universidade de John Hopkins, nos Estados Unidos comprovou a relação entre o distúrbio do sono (ronco e apnéias) com uma menor expectativa de vida. A pesquisa foi divulgada na revista científica Public Library of Science (PLoS) e acompanhou mais de 6,4 mil homens e mulheres durante oito anos.
A pesquisa observou um aumento na prevalência da hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares ocasionadas em indivíduos com apnéia moderada ou grave. Foi notada uma maior associação entre mortes e doenças das artérias coronárias entre os homens que participaram do estudo. Em qualquer idade, pessoas que apresentam dificuldades para respirar durante o sono têm 50% a mais de chance de morrer em comparação a indivíduos que não possuam essas complicações. Um em cada quatro homens e uma em cada dez mulheres tem problemas para respirar durante o sono. Para a ortodontista Renata Feres, que trata pacientes com distúrbios do sono, a pesquisa enfatiza a gravidade do problema, que vai além do constrangimento social que o ronco causa. “O ronco e a apnéia do sono devem ser tratados com muita cautela, pois além do incômodo para a família, o paciente sofre de um processo de degeneração de sua qualidade de vida. Como o sono não ocorre de maneira adequada e é interrompido várias vezes por hora, as atividades cotidianas se tornam difíceis. Os sintomas físicos mais comuns das pessoas que dormem mal são: cefaléias matinais, sonolência diurna, hipertensão arterial e falta de concentração. Mas os sintomas podem variar de acordo com cada indivíduo e com a gravidade do caso”, explica.
O ronco ocorre quando há uma vibração dos tecidos na passagem de ar, já na apnéia há um bloqueio total ou parcial do ar. O bloqueio das vias aéreas acontece por várias razões, sendo uma delas o afrouxamento dos tecidos da garganta e da parte posterior da língua. Segundo Renata, pessoas que estão acima do peso, com idade superior a 40 anos e que são sedentárias são maioria na lista de pacientes. Porém qualquer pessoa, independente do sexo ou idade pode sofrer deste problema. A pesquisa ainda mostra que o índice de morte aumenta para homens com o quadro clínico entre 40 e 70 anos.
Os tratamentos para o ronco e a apnéia podem ser feitos de três maneiras: pelo uso do Cpap (aparelho que bombeia ar), por meio de cirurgias ou com uso de aparelhos orais, variando conforme a severidade do caso e a adaptação do paciente. “A opção que trabalhamos é feita pela instalação do aparelho intra oral, que tem como objetivo avançar a mandíbula para reduzir as obstruções e facilitar a passagem de ar”, diz Renata.
O tratamento com o aparelho reduz em até 80% a apnéia e é bem indicado para a maioria das pessoas. Algumas de suas limitações são: tipo facial (pacientes com mandíbula grande ou face muito longa), ausências dentárias, disfunções na articulação temporomandibular e alterações anatômicas que obstruam a passagem de ar. Além disso, é importante que haja uma mudança no estilo de vida do paciente, com a inclusão de hábitos saudáveis. Para que o tratamento tenha bons resultados a abordagem multidisciplinar é essencial, sendo fundamental a participação de profissionais da área médica.
Link da divulgação do estudo na PLOS: http://www.plosmedicine.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pmed.1000132