O ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, voltou a criticar a atitude do jornal em relação ao artigo de César Benjamin. Em sua coluna dominical (06/12), afirma que o “saldo do episódio não é, para mim, positivo para o jornal até agora”.
O artigo em questão, publicado no dia 27/11, diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia tentado subjugar um rapaz enquanto esteve preso. “Quando há acusação grave envolvida, o jornal deve ser especialmente cauteloso. Uma boa política editorial aconselha que mesmo em artigos seja feita uma checagem cuidadosa dos fatos relatados, sempre preservando a argumentação defendida pelo autor”, afirma o ombudsman. Na semana passada, Lins da Silva também criticou a postura do jornal, que deveria ter apresentado o depoimento de outros personagens na mesma edição em que o artigo de Benjamin foi publicado. “Só no dia seguinte ele começou a oferecer ao leitor outros testemunhos da reunião. Mas, a meu juízo, de modo insuficiente”, comenta, sobre a cobertura realizada pelo jornal após a publicação do artigo. No dia 28/11, um dia após a publicação do artigo, a Folha procurou duas pessoas que estiveram presentes na reunião citada por Benjamin e presos que dividiram cela com Lula. “Em minha opinião, de maneira insatisfatória. Tanto que outros veículos de comunicação registraram depoimentos de ex-companheiros de cela de Lula em 1980 que não apareceram na Folha“, afirmou o ombudsman, que também criticou a falta de um artigo que confronte a versão dada por Benjamin. “Até ontem, o jornal também não havia editado um artigo com espaço e destaque similares aos oferecidos a Benjamin para confrontá-lo. É muito provável que o presidente e seus assessores mais próximos tenham se negado a escrevê-lo. Mas creio haver pessoas com credibilidade e competência dispostas a fazê-lo. O público seria beneficiado com o contraste de opiniões e acho que em nome da isenção é importante promovê-lo”, defendeu Lins da Silva. |
Fonte: site Comunique-se |