Desacreditada e até proibida em vários países, a dipirona é um dos remédios de mais alto custo benefício da atualidade

22 de abril de 2019


Barata e eficaz, a dipirona é um dos fármacos mais utilizados no Brasil, apesar de ser renegada no Estados Unidos e na Europa – exceto na Alemanha, país onde foi criada. Para falar sobre suas qualidades e eficácia, foi convidado para o Comdor 2019 o professor e Mestre em Anestesiologia Veterinária, Marco Aurélio Amador Pereira, com a palestra “O papel da Dipirona no esquema da analgesia multimodal”,

 

“A dipirona tem potência analgésica, antitérmica, espasmolítica e, possivelmente, uma ação anti-inflamatória”, defende o professor. É um fármaco antigo, usado desde 1922 na medicina, mas proibido em diversos países. Isto acontece em virtude de um trabalho datado de 1970 que mostrou uma porcentagem de risco de agranulocitose, uma anemia associada a baixa de células imunes, por uso de dipirona. “Algo que não se sustenta porque já foi comprovado com novos trabalhos, inclusive da Organização Mundial da Saúde, atestando que a dipirona não proporciona essa alteração, o risco é mais baixo que vários outros anti-inflamatórios”, fala Pereira. Na verdade, esta discussão serve de pano fundo para uma outra realidade: a reserva de mercado. “É uma questão farmacêutica, uma disputa entre Estados Unidos, com o Paracetamol, e a Alemanha”, atesta o especialista.

 

Pereira explica que a dipirona é sinérgica, melhora a ação de outros fármacos, como os opioides, anti-inflamatórios e aqueles usados para a dor crônica. “Já há vários trabalhos publicados que mostram isso, que tem um mecanismo de ação bem diversificado, age em todos os tipos de intensidade de dor, da aguda à crônica”. Em 2018 foram realizados dois estudos em cães e gatos com doses fechadas, em que se estabeleceu e confirmou com precisão a quantidade e o tempo, que é de 25 mg/kg para os cães a cada 8 horas e em gatos a mesma dose a cada 24 horas.

 

No Brasil, o uso da dipirona já é solidificado na área médica. Porém, na medicina veterinária ainda há muita discussão, “há clínicos e cirurgiões que são reticentes ao uso por conta da questão agranulocitose e também por não conhecerem todo o seu potencial”. Marco Aurélio foi ainda enfático ao dizer que, na medicina veterinária, não há nenhuma comprovação ou trabalho no Brasil que relaciona a dipirona à anemia.

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