De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros sem trabalho cresceu 26% entre maio e junho, atingindo 12,4 milhões de pessoas. O índice fechou o primeiro semestre em 13,3%, correspondente a aproximadamente 12,8 milhões de trabalhadores. Além dos números, o novo cenário trouxe mudanças significativas nos processos de recrutamento, estimulando novos hábitos e comportamentos nos candidatos.
“Uma mudança significativa foi o aumento do uso das redes sociais e do espaço digital para os processos de busca e seleção de profissionais. Além disso, as ações de recrutamento e seleção migraram para o ambiente virtual, procedimentos que antes já eram realizados, mas em menor escala. A nova situação fez com que este movimento digital de fato se instalasse”, explica Márcia Morini, que compõe a Diretoria de Desenvolvimento da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná (ABRH-PR).
O uso das ferramentas digitais deve ser ainda mais explorado nos próximos anos, visto que a transformação que vivemos atualmente será consolidada de forma gradual. Esses processos, além de oferecerem praticidade e custos mais acessíveis aos envolvidos, contribuem para que os candidatos desenvolvam suas habilidades de comunicação em outros formatos, auxiliando no desenvolvimento da sua própria desenvoltura e crescimento pessoal.
Novas exigências de mercado
O contexto atual deve estimular avaliações mais criteriosas por parte das empresas, que buscam profissionais atualizados e que consigam ter um bom desempenho em entrevistas virtuais, comenta Márcia. Nesses processos, a experiência com o formato e boas escolhas de equipamentos (que funcionem de forma correta), além de um ambiente adequado para a ocasião podem fazer toda a diferença. Por outro lado, essas novas modalidades podem trazer mais segurança para selecionador e candidato, reduzindo o tempo e desgaste do processo.
“Ao meu ver, a pandemia está gerando rupturas em sistemas tradicionais e não há limites para a criatividade e inovação no uso de recursos virtuais”, observa Giovanni Coradin, também Gestor de Desenvolvimento da ABRH-PR. Ele destaca ainda que os processos virtuais de recrutamento e trabalho exigem cada vez mais capacidade de autogestão, senso de organização, disciplina, responsabilidade e ética dos colaboradores, além do uso produtivo das tecnologias digitais.
Além dessas colocações, os novos desafios também demandam uma avaliação pessoal frente ao momento. “Penso que a preparação das pessoas para atender às exigências deste novo contexto passa, primeiro, por uma reflexão no sentido de entender melhor o que está acontecendo no mundo; com as empresas; e com as pessoas e seus hábitos de vida. Seria como ‘desligar o piloto automático’ e buscar mais consciência sobre mim mesmo e tudo ao meu entorno”, conclui Coradin.