O presidente do CONFEA, engenheiro civil Marco Tulio de Melo, acompanhou a abertura do seminário “Saneamento: um desafio de nossos tempos – Por uma política estadual de saneamento”, realizada nesta segunda-feira e promovida pelo CREA-PR e pela ABES-seção Paraná (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) em Curitiba.
Tulio de Melo elogiou a iniciativa e o ineditismo da proposta. “Presenciar a discussão deste tema feita em primeira mão pelo CREA-PR mostra que a engenharia paranaense está alinhada com a seriedade e urgência do assunto”, disse.
Para o presidente, este é um momento interessante para o Brasil, quando, a partir da retomada da perspectiva do crescimento, começamos a planejar ações necessárias a este desenvolvimento. “Viemos de um processo anterior onde o baixo investimento inviabilizava uma visão de médio e longo prazo, bem como o investimento em planejamento”, disse. “Hoje existe um movimento no País que busca refletir sobre área estratégica que é o saneamento básico no que diz respeito à universalização do atendimento de água tratada, coleta e tratamento de esgoto e também os projetos evoluídos com dados da área de coleta de resíduos sólidos e o seu tratamento”.
De acordo com ele, são estimados em 20 anos recursos da ordem de R$ 420 bilhões no setor, resgatando um passivo muito grande que o Brasil tinha de investimento na área. “Se temos perspectivas deste financiamento, é imprescindível alavancar e resgatar no país a cultura técnica do bom projeto, que antecede ao bom investimento. Temos que enfocar na capacidade técnica e no assessoramento e valorização das equipes”, frisou.
O engenheiro sanitarista Edgard Faust Filho, presidente da ABES-PR, comentou que por 21 anos o Brasil ficou sem diretrizes nacionais de saneamento. “Queremos retomar esta pauta e que a discussão continue e tome consistência. Por isso importância de definir e implementar uma política estadual, cuidando que este planejamento tenha ligações com os planos diretores das cidades, bem como com os planos de bacias hidrográficas”, citou, avisando aos presentes que a Abes-PR e o CREA-PR já agendaram para novembro um novo seminário, a fim de aprofundar o debate dos temas técnicos apresentados neste encontro.
Finalizando a abertura do seminário, o presidente do CREA-PR, engenheiro agrônomo Álvaro Cabrini Jr, comentou que na Agenda Parlamentar desenvolvida pelo Conselho já foi identificado este grande problema da desmontagem que as prefeituras sofreram. “É urgente a recomposição dos quadros técnicos também com foco na área de saneamento, ambiental e de planejamento, de forma a dar conta de todas as políticas que devem ser implementadas através de seus planos diretores”. Cabrini falou que o governo do Paraná assumiu metas ousadas no caso do saneamento, e que elas somente serão cumpridas os quadros técnicos forem reequipados. “Há mais de 20 anos o Paraná não contrata profissionais. Daqui a três anos, 80% do quadro do DER, por
exemplo, estará aposentado. Não há política pública que possa ser implementada na área de engenharia com uma defasagem desse porte”, argumentou. “Precisamos elaborar uma política estadual pautada em instrumentos estabelecidos nas diretrizes nacionais, visualizando que o tema saneamento básico não se resume apenas a água e esgoto, e sim a água, esgoto, resíduos sólidos urbanos e drenagem urbana”.
O encontro acontece até terça-feira (5/07), no Auditório do Bloco Azul da Universidade Positivo. Da programação constam palestras de órgãos públicos estaduais que atuam na área de saneamento, órgãos nacionais como Ministério das Cidades, Funasa e de estados brasileiros.