A sala de Qualidade de Alimentos de Origem Animal do Comgran 2019 colocou em debate nesta sexta-feira a questão do leite.
Inicialmente, a médica veterinária Aliny Kris de Oliveira Nogueira abordou os desafios na implantação de SISBI (Sistema Brasileiro Unificado de Inspeção de Produtos de Origem Animal) em laticínios, lançado em 2006 e com adesão dez anos mais tarde no Mato Grosso do Sul, onde a profissional atua.
A adesão ao SISBI permite que as indústrias consigam comercializar seus produtos a nível nacional, a partir de adequações estruturais, bem como a implementação de um programa de auto controle e treinamentos de colaboradores. “São quatro os desafios principais, que consistem no empresário ter o foco e querer se adequar para poder aderir ao SISBI, realizar o treinamento dos funcionários, fazer a adequação ao programa de auto controle, que é o coração da indústria e, por fim, transmitir aos colaboradores as noções necessárias de higiene e qualidade de processos”, disse Aliny, que trabalha com consultoria de SISBI desde 2015 e está no ramo leiteiro há nove anos.
Em seguida, a médica veterinária Bruna Salotti de Souza falou sobre a temática do Selo arte e como é possível se adaptar à mudança. Para ela, ainda existe um certo desconhecimento sobre a questão, visto que o Selo arte funciona igualmente ao SISBI.
A instrução normativa n° 13.680, de 2018, aprovou o Selo arte para pequenos produtores, e um decreto no ano seguinte especificou que a fiscalização seria feita pelos estados e municípios. “A grande dúvida do setor é qual formato seguir, se SISBI ou Selo arte, visto que ambos têm funções semelhantes”, pontuou.
Por fim, o médico veterinário Jefferson Alcindo, da Universidade Federal de Juiz de Fora falou sobre os fatores que afetam a CCS (contagem de células) no leite de cabra.
O Brasil possui um rebanho de cerca de 10 milhões de cabeças de cabra (90% do efetivo encontra-se no Nordeste, que também é líder nacional em produtividade), com produção anual de 270 milhões de litros de leite.
Neste contexto, que evidencia o grande potencial nacional neste setor, ainda existe uma grande dificuldade de se comprovar a qualidade do leite de cabra, uma vez que os parâmetros utilizados são usados como padrão o leite bovino.
“Como a cabra tem aspectos fisiológicos diferentes, há uma dificuldade na padronização dos valores para caprinos”, disse Alcindo, explicando que existe um movimento no Brasil e em outros países do mundo para estabelecer limites e padronagem real, mas sem um panorama de quando isso acontecerá efetivamente.