Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), cerca de 60% das rodovias brasileiras pavimentadas apresentam condições insatisfatórias. Em média, o Brasil pavimenta 225 km de estradas ao ano – uma extensão pequena para um país com demanda crescente por circulação de cargas e veículos. Em sua palestra no 27º CBENC, o Eng. Civil Dr. José Leomar Fernandes Júnior trouxe ao debate o tema “Por que os pavimentos brasileiros estão aquém do que poderiam e deveriam ser”.

“Fazer um projeto é fazer uma comparação entre alternativas, e temos visto um descaso na área de pavimentação. Os tomadores de decisão não têm qualificação técnica para avaliar o material mais adequado para cada projeto”, pontuou José Leomar.

A partir das vivências no meio acadêmico no Brasil e em outros países, o Eng. Civil destacou que há espaço para desenvolver mais estudos comparativos entre o uso do asfalto e do concreto de acordo com o tipo do projeto. Também falou sobre a importância de “aprender com os erros” para rever os processos de pavimentação no país. “Há uma preocupação maior em contratar estatísticas do que contratar profissionais para resolver problemas”, destacou.

O Eng. Civil Dr. José Leomar listou os principais fatores que respondem pela má qualidade da pavimentação no Brasil: o tráfego subestimado, erro no dimensionamento, erro na dosagem de misturas asfálticas e alocação injusta de custos. Durante a palestra, o Dr. também destacou a importância da valorização dos profissionais de Engenharia Civil e da contratação de especialistas em pavimentação em projetos viários. Ele ainda defendeu a necessidade de revisar as metodologias de ensaio, aprovação e normatização técnica de pavimentação, muitas vezes estabelecidas por entes públicos que não possuem domínio técnico sobre o assunto.